A ESPERA DE UMA NOVA LEI ÁUREA

O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravidão, isso no ano de 1888. No entanto, sete anos antes, com a Lei do Ventre Livre, as crianças nascidas de pais escravos já eram consideradas livres. A Lei Áurea libertou menos de um milhão de escravos, num universo 15 milhões de brasileiros, a época.

Passados 130 anos do ato de liberdade dos escravos, o uso de algemas, correntes, chicotes, castigos e clausuramentos ficaram somente nas folhas dos livros de histórias e nas lembranças vivas dos descendentes diretos, que sofreram as agruras de um tempo de atrocidade.

Hoje, com aproximadamente 210 milhões de habitantes, o Brasil ainda não se desfez totalmente das práticas escravocratas, embora a forma exploradora atual não seja nos moldes anterior a abolição, mas que produz resultados tão quanto nefastos.

Com mais de 23 milhões de miseráveis (população igual ao Chile) e com 50 milhões de pessoas totalmente dependentes do bolsa-família, o sistema escravocrata passou das mãos dos senhorios para as mãos dos políticos, dos mais diversos cargos e não correm mais com medo do capitão do mato, mas de políticos e bajuladores inescrupulosos, que fazem de seus cargos, meios de oprimir, arregimentar, alienar e ter pelo “beiço”, como dizemos no jargão popular. Ao invés de aliviar a dor do menos favorecidos, fazem deles suas castas de escravos.

Ao abolir a escravidão, a Lei Áurea deixou um rastro de miséria, morte, pessoa inválidas, enfermas, velhas, órfãos e crianças, que abandonadas ficaram entregues à própria raça, que a referida Lei tentou proteger.

Olhando para o hoje, não vislumbrando tanta diferença com os tempos de escravidão, quando somos testemunhas vivas de pessoas morrendo nos hospitais, abatidas aos milhares pela violência, a margem da liberdade de expressão, quando sujeitos aos caprichos de pessoas que às têm como senhorios incontestes.

Getúlio Vargas já dizia que com a ausência de uma política de inclusão dos escravos libertos, eles estariam completamente abandonados, vegetando, sem raízes, jungidos à voracidade dos novos senhorios, que os explorariam. Ao que temos hoje, Getúlio Vargas estava coberto de razão e uma nova Lei Áurea, desta vez de liberdade econômica e social deverá ser instituída para que, mesmo com o atraso de 130 anos, tenhamos de fato nosso povo livre dos possíveis senhorios transvertidos de políticos bons.